A alfafa (Medicago sativa), leguminosa originária da Ásia Central é considerada a "rainha das plantas forrageiras", por apresentar elevado valor nutritivo, grande produtividade e boa palatabilidade. Sabe-se do seu cultivo já no ano de 700 a.C. pelos árabes e talvez tenha sido a primeira herbácea a ser cultivada no mundo (IBAÑEZ, 1976). Segundo da dados de COSTA & MONTEIRO, 1997, estima-se que a área cultivada com alfafa no mundo é da ordem de 32.266.605 ha, com a seguinte distribuição: no hemisfério norte, destaca-se como maior produtor os Estados Unidos da América, que representa também, a maior produção mundial, com 10,5 milhões de hectares ( 26% sob irrigação, segundo GUITJENS, 1990), seguidos pela ex-União Soviética, com 3,3 milhões, Canadá, com 2,5 milhões e Itália, com 1,3 milhões.
No hemisfério Sul, o maior produtor e o segundo em nível mundial, é a Argentina com 7,5 milhões de hectares Seguido pela África do Sul, com 300.000 e Peru, com 120.000. O Brasil apresenta uma área cultivada de apenas de apenas 26.000 hectares. As dificuldades para expansão do cultivo da alfafa no Brasil ainda, vão desde o desconhecimento da cultura, passando por aspectos de fertilidade do solo, manejo, irrigação em áreas secas, produção de sementes, até a necessidade de produção de material mais adaptado e em equilíbrio com as principais doenças e pragas, que acompanham a alfafa em todo o mundo. Paim, 1994 citado por COSTA & MONTEIRO, (1997)
A alfafa pode ser cultivada em monocultura, em rotação com outras culturas de grãos, e em mistura com várias espécies de forrageiras. Seu principal uso é como feno, silagem e pastagem para ruminantes, ou como fonte de proteínas e vitamina A para animais não ruminantes, como aves domésticas e porcos (HEICHEL, 1983).
No Brasil, a cultura vem sendo tradicionalmente cultivada no sul do país devido, principalmente, a sua boa tolerância ao frio, bem como sua elevada exigência quanto à fertilidade do solo (CUNHA et al., 1994).
No entanto, a expansão da eqüinocultura e a bovinocultura leiteira para áreas mais ao centro do país, tornou crescente a busca por forrageiras produtivas de alto valor nutricional, expandindo o cultivo da alfafa para regiões com diferentes condições edafoclimáticas. Somente no estado de Goiás a taxa de crescimento da bovinocultura leiteira em 1995 foi de 15,4% enquanto que a produção brasileira foi de 12,0%. Já em 1996 acentuou-se a diferença entre essas duas taxas, sendo que neste período a produção leiteira goiana cresceu 24,6% e a produção nacional foi de 6,3%(A GRANJA, 1997). No entanto, deve-se considerar que os aumentos na produtividade de quaisquer cultivos estão na dependência de certos fatores, tais como: genéticos, climáticos, edáficos e principalmente aqueles relacionados com o manejo das culturas (irrigação, pragas, doenças, entre outras).
A suplementacão hídrica através da irrigação, se constitui numa das técnicas que podem ser adotadas visando a minimização dos efeitos do déficit hídrico. Porém, na maioria dos casos os custos são mais elevados e o acréscimo desejado na produtividade não é atingido, ficando desta forma, comprometidas a receitas líquidas do produtor. Isto pode ser atribuído em grande parte à falta de informações e conseqüente manejo inadequado da irrigação por parte dos agricultores, principalmente com relação a quantidade adequada de água e o momento oportuno de aplicação. Assim, quando dizemos manejo correto da irrigação, faz-se necessário o conhecimento das exigências hídricas da cultura no local, métodos de irrigação, levando-se em conta os mais eficazes e com menor custo possível, objetivando a máxima produtividade e conseqüentemente as maiores receitas liquídas.
Exigências hídricas
A água é essencial para a hidratação dos tecidos da planta e segundo (GOMES, 1994) a necessidade hídrica de qualquer cultura esta relacionada com a evapotranspiração, que corresponde a quantidade de água que passa a atmosfera em forma de vapor, pela evaporação do solo e transpiração das plantas, mais a quantidade d'água que é incorporada à massa vegetal. Essa quantidade que é retida pela planta, que se denomina água de constituição, é muito pequena com relação a água evaporada e transpirada, e por isto se considera que a necessidade de água da planta ou do conjunto solo-planta é igual à água que é transferida para a atmosfera pela evaporação do solo e transpiração das plantas. O conjunto dos dois fenômenos é denominado evapotranspiração da cultura.
Blad (1983), citado por GUITJENS (1990) relata que evapotranspiração ocorre em resposta a demanda atmosférica por água, mas a intensidade deste processo pode ser modificado pela quantidade de água disponível para as plantas no solo. Um decréscimo nesta quantidade poderá afetar o transporte de água através da planta, e portanto, o crescimento desta. GUITJENS (1990) cita que o potencial do solo não pode ser menor do que -200kPa.
A evapotranspiração depende basicamente do clima, do tipo e estado de desenvolvimento da cultura.
Normalmente quando maior a evapotranspiração, maior será a quantidade de matéria seca produzida, como mostra a figura 1 (GUITJENS, 1990).
Algumas pesquisas tem mostrado que o requerimento de água da alfafa é maior que do milho e sorgo, que realizam fotossíntese pela via C4. As estimativas do requerimento de água da alfafa varia conforme a variedade, condições de crescimento, e das perdas de água no solo pela evaporação e percolação (HEICHEL, 1983). Briggs & Shantz (1914, citados por HEICHEL, 1983) relataram que o requerimento de água está entre 631 a 834kg de H2O por kg de matéria seca de alfafa. Já Shantz & Piemeisel (1927, citados por HEICHEL, 1983) encontraram um requerimento de 890 a 957kg de H2O por matéria seca de alfafa, dependendo do cultivar. Gifforrd & Jensen (1967, citados por HEICHEL, 1983) observaram um requerimento de água de 800kg de H2O por matéria seca de alfafa, crescendo em solo úmido, e 1360kg para alfafa crescendo em solo seco. Quando a alfafa está crescendo em campo irrigado, considerando-se todos os fatores que levam perda d'água, as taxas de requerimento de água variam de 512 a 663kg de H2O por kg de matéria seca, considerando-se as diferentes condições climáticas ao longo do ano. Estes valores sugerem que a alfafa requer cerca de 5,6 a 7,3cm.ha-1 de água por tonelada de matéria seca para satisfazer suas necessidades transpiracionais durante a estação de crescimento (HEICHEL, 1983).
Os estágios de desenvolvimento da alfafa de maior requerimento de água são a de germinação, estabelecimento da muda, período pós-corte e na fase de produção de sementes (HEICHEL, 1983). A irrigação, principalmente nestas fases, é primordial para um bom desenvolvimento da planta e conseqüente aumento na produtividade, quando não pode-se contar com água das chuvas. O manejo da irrigação durante o crescimento vegetativo varia com a estação do ano, com as características do solo e com a situação financeira do produtor.
0 comentários:
Postar um comentário